quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

FEIRA, UM CANTEIRO DE OBRAS PRIVADAS - Franklin Maxado

Em toda calçada, tem areia, tijolos, brita, blocos, pedras e... entulho. Feira de Santana hoje se apresenta com um imenso canteiro de obras. Praticamente, em todo quarteirão tem alguém construindo ou reformando loja, prédio ou casa. Virou uma verdadeira febre. Com o saco de cimento relativamente barato sem o governo Federal cobrar o IPI e a caderneta de poupança rendendo pouco. Ela dá menos do que a inflação e os bancos, mesmo os oficiais, cobram mais do que o total do juro e da correção monetária do rendimento pelas taxas quando se tira o saldo, o extrato, saques e outras movimentações bancárias.
A sensação é de que a cidade se recria e se expande muito mais. Ai não tem floresta que resista com a extração de madeiras, especialmente a massaranduba para ripas e peças. E outras para mobília, portas e janelas. A natureza também é agredida com a busca da argila e do barro para tijolos, blocos, pisos e cerâmica em geral. E ainda tem as escavações para retirada de areia. E para o ferro das vigas, dos portões e vergalhões.
E a coisa não vai parar por aí, pois o Governo Federal estimula a explosão demográfica, beneficiando à mulher que queira parir com hospitais, auxílios e bolsas. Queremos imitar a India, a China e outros países populosos.

O PÚBLICO AJUDA

Nessa loucura de crescimento, o poder público dá sua mãozinha. Em Feira, não se pode ter terreno sem construção porque além do IPTU ser mais alto, a Prefeitura pode tomar o lote baldio por falta de uso ou porque acha que é área para especulação .
Por outro lado, deve nadar em dinheiro pois está gastando muito para repavimentar as ruas já calçadas do seu grande centro, favorecendo a velocidade dos carros, batidas e dos atropelos de pessoas. O Prefeito acha que está colocando a cidade na modernidade como que “chovendo em cima do molhado” uma vez que a mesma Prefeitura já gastou antes para calçá-las a paralelepípedos em gestões passadas.
Agora, o novo asfaltamento vai obrigar os donos de imóveis a refazer seus passeios porque o nível da rua sobe com as camadas do betuminoso. Quem não o fizer, os deixa aos rés do chão. Quando refaz, eleva tanto que eles viram verdadeiras plataformas, causando transtornos ao pedestre, principalmente aos idosos ou aos deficientes, em tentar pular de uma para a outra calçada mais antiga que ficou no nível baixo anterior.
Que modernidade ou civilidade é esta? A cidade de Paris, a mais visitada por turistas em todo o mundo, conserva seu calçamento secular e, nem por isso, é atrasada.
Mas isso tudo entusiasma o Prefeito Tarcísio Pimenta e acha que está no caminho certo e asfaltado e, tanto é que mandou armar um enorme palanque que parecia para comício de campanha de Presidente da República, atravancando as duas pistas de uma rodovia federal, a BR-324, vários dias somente para fazer uma solenidade festiva a fim de entregar o novo asfaltamento das ruas centrais.
Foi contratado um “show” da “Banda Calcinha Preta” que sempre toca por aqui desde a gestão do ex-Prefeito José Ronaldo, e que agora subliminarmente passou a mensagem de alegria ao publico que compareceu por estar de roupa íntima da cor do asfalto. E dizem que custou R$ l20.000,00 fora as passagens e hospedagem dos músicos!
A Feira que tem Luiz Caldas, Carlos Pita, Djalma Ferreira, Asa Filho, Timbaúba, Paulo Bindá, Cescé, J. Sobrinho, Danny Nascimento, Carol Pereira, Simone Sampaio, Antonio Moreira Junior, Lenno, Matias Moreno, Tanny Brasil, Janno, Márcia Porto, Célia Zahin, Gorethi, Roberto Kuelho e muitos outros é para brilhar em palcos de fora. Talvez, as autoridades municipais da cultura nem saibam quem são. Por isso, não foram cogitados.
Mas o objetivo do “show”foi alcançado porque se comentou depois que serviu mesmo foi para pavimentar o lançamento da candidatura de sua esposa, a primeira dama da. Graça Pimenta, à Assembléia Legislativa do Estado nas eleições próximas. Afinal, o Prefeito deve ter uma cobertura mais confiável e íntima para defendê-lo e arranjar mais verbas para os gastos crescentes nesses tempos em que as brigas entre aliados estão em moda. Seguiu o exemplo do seu colega de Salvador com a esposa, que é deputada.
Quem pode não ter gostado são seus correligionários que são candidatos a deputado também e ficaram sem área de estacionamento ou de trânsito.

RASGANDO PADRE OVÍDIO

Já que a Prefeitura está asfaltando tudo no centro, por que não rasgar o meio da Praça Padre Ovídio, fazendo um prolongamento da Rua Filinto Bastos para a do Posto Piraí? Economiza-se a volta dos motoristas em ir até o Abrigo Marajó para retornar. Colocar-se-ia um semáforo na Av. Rio de Janeiro e o povo da Chácara São Cosme, Muchila, Feira X e adjacências agradeceriam também. Acho que ainda a Diocese porque teria o estacionamento aumentado, afastando mais aquele coito de desocupados por perto. A Rua de Aurora da infância do Prefeito seria aumentada, valorizada e uma opção melhor para os ônibus que se arriscam a atravessar pela Avenida Rio de Janeiro na altura do fim da Rua Marechal Deodoro. Está aí a sugestão de graça, sem pimenta de ironia.